segunda-feira, 4 de junho de 2012

Fermentação no Laboratorio


Como sabemos, os seres vivos são constituídos por células e estas estão constantemente a desempenhar funções para o bom desempanho do organismo. Estas funções são denominadas de reações. Algumas delas, tal como a síntese de materiais, requerem energia (reações anabólicas) que, por sua vez, provem das reações de catabolismo (degradação de matéria orgânica para obtenção de ATP). Estas reações de catabolismo podem ser de dois tipos: respiração aeróbia (ocorre na presença de oxigénio) e fermentação (ocorre na ausência de oxigénio). Nesta postagem vamos centrar-nos nas reações de fermentação que foram alvo de estudo nas nossas aulas de Biologia e sobre a qual desenvolvemos aulas laboratoriais que tinham como observar e comprender a ação das leveduras e bactérias na transformação do leite em queijo e do açúcar em álcool. 

A fermentação é um processo de transformação de uma substância em outra, que resulta do metabolismo de microrganismos, tais como fungos, bactérias, leveduras, ou até o próprio corpo (por exemplo a fermentação láctica realizada pelos músculos quando, em elevado esforço físico, há falta de oxigénio) e a partir do qual se obtém energia (reações de catabolismo). Neste sentido a fermentação constitui um conjunto de reações que, entre outros produtos finais, libertam, por exemplo, CO2 e ATP. De acordo com o produto final obtido a fermentação denomina-se de alcoólica se originar álcool etílico, e de láctica se se obtiver ácido láctico. Apesar do produto final ser diferente a parte inicial do processo (glicólise- figura 1) é a mesma nos dois tipos de fermentação, sendo que a diferença persiste nas reações a que o piruvato é sujeito. Na fermentação alcoólica o piruvato e descarboxilado e de seguida reduzido (figura 2), enquanto na fermentação láctica ele apenas é reduzido (figura 3)

Figura 1 - Glicólise



Figura 2 - Descarboxilação e consequente redução do piruvato em etanol


Figura 3 - Redução do piruvato em Ácido Láctico

Atualmente, para além de a fermentação ser utilizada pelos seres vivos para garantirem a sua existência, o homem também a utiliza para a produção de diversos materiais, como por exemplo a cerveja, o queijo, os iogurtes, pão, vinagre, entre outros. Com base neste conhecimento, foi-nos proposto a elaboração de cerveja (Atividade laboratorial 1), e do queijo (Atividade Laboratorial 2).


Atividade Laboratorial 1 – Fermentação alcoólica- Produção de cerveja de gengibre

A cerveja de gengibre, também conhecida como a cerveja de baixo teor alcoólico, teve origem em Inglaterra em meados do seculo XVIII e foi exportada a nível mundial. A lei britânica de produtos sujeitos a impostos especiais de consumo de 1855 exigia que a bebida contivesse menos que 2% de álcool, pelo que ela tornou-se popular entre as crianças. Em 1935 havia mais de 3 mil fabricantes desta cerveja no Reino Unido, mas atualmente o produto tradicional é fabricado apenas por uma dessas empresas. Em oposição, agora, a cerveja de gengibre é feita com sabores e gaseificada com CO2 pressurizado. Esta cerveja é feita com gengibre, limão, açúcar e levedura. Verdadeira cerveja de gengibre é feita com raiz de gengibre fresca, frequentemente com outros sabores como zimbro-rasteiro, alcaçuz, ou chili (utilizado para dar ao produto um travo adicional). Também se utiliza mil folhas para impedir o crescimento de bactérias e pode se utilizar lima em vez de sumo de limão tal como na cerveja de gengibre jamaicana. Esta cerveja é, também, conhecida por ter um sabor picante. Isto deve-se ao facto do gengibre conter uma substancia picante, o Gingerol, cuja estrutura é semelhante á Capsaicina do chili ou á Piperina da pimenta. 

Material:



Procedimento:



Atividade Laboratorial 2 - Fermentação Láctica -Produção de Queijo


O queijo é um alimento sólido feito a partir do leite de vaca, cabra, ovelha, búfala e/ou outros mamíferos. O queijo é produzido pela coagulação do leite. Isto é realizado adicionando uma enzima, a quimosina (coalho ou substitutos) para transformar o leite em "coalhada e soro". O processamento da coalhada tem grande importância na definição da textura e sabor da maioria dos queijos. O coalho é uma mistura de enzimas obtida tradicionalmente a partir do revestimento do estômago de bovinos jovens, sendo atualmente produzida em laboratório por métodos exclusicamente artificiais. Em Portugal a coalhação é efectuada predominantemente utilizando a flor do cardo (C. cardunculus spp. flavescens), do gênero Cynara. Hoje em dia existem alternativas vegetais para o coalho, a maioria delas obtida pela fermentação do fungo Mucor miehei.Quando o leite é transformado em queijo, a Caseina (Fracção proteica) e a matéria gorda são concentradas enquanto outros componentes do leite especialmente a água são removidos, constituindo o soro resultante do fabrico.


Material:





Procedimento:


Discussão de resultados e Conclusão 

Os resultados obtidos foram os esperados, quer na fermentação alcoólica, quer na fermentação láctica. A elaboração da atividade da cerveja de gengibre ocorreu sem qualquer precalço. No entanto não conseguimos adicionar o fermento no tempo de realização da atividade, pois a temperatura da cerveja tinha que atingir os 30ºC para o podermos adicionar, sendo este colocado pela professora quando a temperatura necessária foi atingida. Na atividade laboratorial da realização do queijo também não ocorreu nenhum imprevisto, apenas não nos foi possível observar a formação completa do queijo pois demorou mais do que o tempo da aula. No entanto, os nossos colegas do turno seguinte finalizaram a experiência com sucesso. Numa das seguintes aulas, procedemos a prova do queijo e da cerveja, comprovando que a experiência foi concluida com sucesso e que na realidade conseguimos produzir queijo e cerveja possiveis de se consumir.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Efeitos mutagénicos do álcool e do tabaco

O tabaco e o álcool são dois elementos que estão muito presentes no nosso quotidiano já há muitos anos, contudo continuam a gerar controvérsia em relação ao seu efeito. Desde sempre são apontados bons e maus aspetos, sendo que estes continuam a ter maior predominância. Neste sentido, têm sido promovidos inúmeros estudos que visam a descoberta dos efeitos do tabaco e do álcool nos indivíduos, ao longo dos anos.
Como alunos de um curso de ciências, decidimos, então, juntamente com a nossa professora de biologia, realizar uma atividade dentro deste mesmo âmbito. Esta consiste em analisar células do epitélio bucal de dois grupos de indivíduos, de forma a verificar-se a presença ou não de anomalias nucleares que podem ser provocadas por estes agentes. De entre uma faixa etária de 30 a 50 anos foram recolhidas amostras de 20 indivíduos controle, que não bebem nem fumam, e 20 indivíduos expostos, que bebem e fumam, de acordo com uma serie de outras indicações pertencentes a um formulário. Para cada individuo foi contado 1000 exemplares celulares em que é esperado identificar-se nos indivíduos expostos um maior e mais recorrente número de anomalias, entre as quais a cariólise, a carioréxis, a picnose, os micronúcleos, e ainda células binucleadas e trinucleadas.
Para compreendermos melhor o objetivo/finalidade do nosso projeto fomos estudar outros semelhantes. Após uma pesquisa e recolha de informação sobre diversos artigos encontrados, escolhemos os que achamos mais interessantes. Estes são:

   • (Artigo 1)  Efeito mutagénico do etanol em células da mucosa bucal – Neste trabalho é estudada a       frequência de micronúcleos em indivíduos dependentes de químicos com etanol

   • (Artigo 2)  Anomalias nucleares nas células epiteliais dos trabalhadores das fábricas de calcite – Este trabalho refere-se ao aparecimento de anomalias nucleares em indivíduos expostos à poeira de calcite e que são fumadores, tendo como base esfoliação de células bucais dos mesmos.

   • (Artigo 3) Consumo de Álcool e Cigarro aumenta a frequência de mutações do gene p53 em grandes células pulmonares.



Vamos agora aprofundar cada um destes artigos.

Fig1-Micro-escova
Artigo 1  -> Este trabalho tem como objetivo estudar a relação entre a frequência de micronúcleos com a exposição das células a agentes mutagénicos, em células esfoliadas da cavidade bucal de um grupo de 40 indivíduos não fumadores, dependentes químicos de etanol internados no Hospital Psiquiátrico Ana Nery, Salvador - Bahia.  Seguidamente, através da aplicação de um questionário a cada um dos indivíduos, foi quantificado o consumo semanal de etanol, seguido da recolha de células da lateral da língua e da mucosa jugal. Para tal, utilizou-se uma escova específica para esse género de recolhas(Micro-escova), que depois de passada pelos locais já referidos era agitada em soro fisiológico. Após a esfoliação o material é centrifugado a 1.500 rpm durante 10 minutos de modo a obter-se um precipitado com alta concentração de células esfoliadas. Estas foram fixadas em ácido acético e, posteriormente, transferidas para lâminas limpas. Após secarem durante 24 horas, essas foram submersas em solução de HCl por 30 minutos. Seguidamente, procedeu-se à coloração com a reação de Feulgen e a contra coloração com o "Fast Green". Por fim, as células foram desidratadas em etanol e clarificadas em xilol e montadas com resina e lamelas. O mesmo procedimento foi feito para 20 indivíduos que constituem o grupo controle, estes não fumam, bebem álcool nem são doentes psiquiátricos, escolhidos de uma comunidade religiosa de Salvador.
De seguida deu-se a contagem de células e ao mesmo tempo a avaliação dos seus núcleos, em que o observador não tinha conhecimento se aquela lamina pertencia ao grupo exposto ou de controle. No mínimo tinha de se contar 1000 células por individuo. Os critérios utilizados para a identificação de micronúcleos foram pré estabelecidos por Coutrymam. Desta feita, observou-se um aumento estatisticamente significativo da frequência de micronúcleos em células esfoliadas da língua no grupo de indivíduos expostos ao etanol em relação ao grupo controle (p < 0,01). A frequência de micronúcleos em células esfoliadas da mucosa jugal apresentou-se maior no grupo de indivíduos alcoólatras quando comparado ao grupo controle, porém não houve diferença estatisticamente. Este trabalho faz, também, referencia a Ziegler(1986),que num estudo epidemiológico, demonstrou que indivíduos alcoólicos apresentavam risco de cancro 6,4 vezes maior que indivíduos abstêmios de álcool. Em geral, a ação mutagénica do álcool ocorre em níveis de exposição superiores a 45 ml de etanol por dia. Nesta experiência, constatou-se que os indivíduos alcoólicos com ausência de neoplasia maligna oral tinham como menor consumo de etanol 34,7 ml/dia e o maior de 1.825 ml/dia, com exposição média de 25,5 anos. Após a análise das células verificou-se que a lateral da língua, descrita como o local mais prevalente para o cancro bucal, mostrou frequência elevada de células micronucleadas e de micronúcleos quando comparadas ás do grupo controle. Por outro lado, a mucosa jugal, , mostrou resultados bem menos expressivos. Esses resultados confirmam que a mucosa jugal é um sítio menos exposto à ação de agentes mutagénicos. Como, neste estudo, a colheita de células esfoliadas foi executada até 48 horas após a internação dos indivíduos num programa de desintoxicação para dependentes de álcool conclui-se que o consumo excessivo de etanol promove alterações efetivas em células da mucosa bucal, mesmo na ausência de exposição ao fumo. Tais alterações apresentam-se mais expressivas no bordo lateral de língua, um sítio mais exposto à ação do agente, quando comparado à mucosa jugal.


Artigo 2 -> No artigo publicado no site Scielo (2), o seu principal objeto de estudo foi o efeito mutagénico do pó da calcite, mas no entanto também foi avaliado o efeito do álcool e tabaco em conjunto com a calcite e os resultados são como se poderia prever: para além dos estragos provocados pelo mineral, o álcool e o tabaco só agravaram a situação, aumentando o número de células mutadas em comparação com as células somente expostas à calcite.

No  artigo (3), é-nos apresentado um estudo mais interessante que tenta relacionar o consumo do álcool e tabaco com a taxa de incidência de cancro no pulmão, mais precisamente, tenta relacionar o consumo de álcool e tabaco com mutações que ocorrem no anti oncogene p53. Como esperado, consumir tabaco leva a um maior número de mutações ocorridas no gene p53, logo, levando a um maior risco de apanhar cancros como o do pulmão (cancro estudado no artigo), também muito associado ao fumo. No entanto, o que este estudo revela é que, embora o tabaco seja extremamente mutagénico para as células e grande potenciador de mutações, o consumo de álcool juntamente com o consumo de tabaco aumenta substancialmente o número de mutações ocorridas no gene p53, aumentando também o risco de desenvolver cancro. Ora o consumo do álcool não está diretamente relacionado com o desenvolvimento no cancro do pulmão nem com outros cancros, mas com este estudo foi nos possível realçar o poder mutagénico do álcool combinado com outras substâncias mutagénicas como o tabaco.

Bibliografia




terça-feira, 27 de março de 2012

O sangue: os seus constituintes

O nosso organismo está constantemente exposto a fatores externos que interagem com ele mesmo sem que nos apercebamos disso. Destas interações advêm consequências que podem ser positivas ou negativas. Alguns micro-organismos como bactérias e vírus são responsáveis pela transmissão/provocação de doenças, por exemplo. Então o nosso organismo possui um conjunto de processos e constituintes que participam ativamente na defesa do nosso organismo (sistema imunitário). Um dos intervenientes nesta ação são os glóbulos brancos. Estes estão armazenados nos órgãos linfoides e fazem parte dos constituintes do sangue.
Assim, como  nas aulas de biologia estamos a estudar o sistema imunitário, foi-nos proposto analisar preparações sanguíneas. Esta atividade laboratorial tem como principal objetivo a visualização e identificação dos diferentes tipos de leucócitos, sendo que também foi-nos pedido para visualizar e identificar os restantes constituintes do sangue. Ao longo da realização desta postagem, achamos pertinente abordar, também, dois assuntos que de certa forma se relacionam com a nossa experiência: o sistema ABO e o premio nobel de medicina de 2011. 

O sangue é um tecido conjuntivo líquido que circula no organismo pelo sistema vascular sanguíneo dos animais vertebrados, é produzido na medula óssea vermelha e tem como função a manutenção da vida do organismo por meio do transporte de nutrientes, toxinas, oxigénio. Ele é constituído por diversos tipos de células e plasma (cerca de 55% do volume do sangue), sendo que cada um deles tem funções específicas. O plasma é o componente líquido do sangue e contem para além da água, proteínas, nutrientes, hormonas, sais e resíduos de metabolismo. As proteínas plasmáticas são sintetizadas pelo fígado, e desempenham uma grande variedade de papéis, entre os quais: transporte de moléculas importantes, manutenção da pressão osmótica e coagulação. Por sua vez, as células sanguíneas circulam suspensas no plasma e são classificadas de Leucócitos  (ou Glóbulos Brancos), que são células de defesa,  eritrócitos (glóbulos vermelhos ou hemácias), responsáveis pelo transporte de oxigênio e  plaquetas  (fatores de coagulação sanguínea). 


Vídeo 1: Constituintes do sangue
Basicamente, o sangue é composto por:
     → 45% de elementos figurados (células): Hemácias, leucócitos e plaquetas.

     → 55% de plasma (substância intercelular).


Plaquetas/Trombócito

Em todos os vertebrados exceto os mamíferos as plaquetas são pequenas células ovais. Nos mamíferos, porém, elas são fragmentos esféricos ou achatados de células chamadas megacariócitos, formados originalmente na medula óssea. Há em média, 300mil plaquetas por milímetro de sangue humano.
 As plaquetas participam ativamente no processo de coagulação do sangue dos vertebrados. Quando há um ferimento, plaquetas presentes na região lesada libertam fatores de coagulação que levam à formação de um coágulo.
Figura 1- Plaquetas 



Plasma

É um líquido circulante composto por 92% de água e 10% substâncias que transporta: hemácias, leucócitos, plaquetas e outras substâncias dissolvidas. Por exemplo proteínas (albumina, responsável pela manutenção da pressão osmótica sanguínea);nutrientes (glicose, aminoácidos, ácidos graxos); excreções (uréia, ácidos úricos, amônia); hormonas (testosterona, adrenalina); imunoglobulinas/anticorpos; sais(sódio, potássio) e gases (na forma de ácido carbônico ou H2CO3). O plasma transporta essas substâncias por todo organismo, permitindo às células a receber nutrientes e excretar e/ou secretar substância geradas no metabolismo.
Figura 2- Plasma 


Hemácias/Glóbulos-vermelhos/Eritrócitos

Constituem cerca de 99% do sangue, parecem-se com um disco bicôncavo, não possuem núcleo (apenas as dos mamíferos), nem organelos e contém hemoglobina (proteína que fixa oxigénio). Estas células são segregadas na medula óssea, duram cerca de 120dias e, ao fim desse período, são fagocitadas e dirigidas por células do fígado ou do baço. Em média, um homem possui cerca de 5 milhões de hemácias por milímetros cúbicos, por outro lado, as mulheres apenas possuem 4,5 milhões . As hemácias participam na respiração celular, ao transportarem oxigênio e parte de dióxido de carbono , através da hemoglobina, dos pulmões para as células.

Figura 3- Hemácias 

São as hemácias que caracterizam o tipo de sangue de uma pessoa. Estes variam de acordo com os aglutinogénios que as hemácias, de cada organismo, possuem, como se pode observar na seguinte tabela: 

Sistema ABO
Tipo de Sangue
Genótipo
Tem Aglutinogénios/
Antigénios
Produz Anticorpos
Numa transfusão pode receber
A+
IA IARR ou IA IARr ou
IA iRR ou IA iRr
A e Rh
B
A+ ; A- ; O+ ; O-
A-
IA IArr ou IA irr
A
B e Rh
A- ; O-

B+
IB IBRR ou IB IBRr ou
IB iRR ou IB iRr
B e Rh
A
B+ ; B- ; O+ ; O-
B-
IB IBrr ou IB irr
B
A e Rh
B- ; O-
AB+
IA IBRR ou IA IBRr
A, B e Rh
------------------
A+ ; A- ; O+ ; O- ; B+ ; B- ; AB+ ; AB-
(recetor universal)
AB-
IA IBrr
A e B
Rh
O-; B- ;AB-; A-

O+
iiRR ou iiRr
Rh
A e B
O+ ; O-
O- (dador universal)
iirr
--------------------
A, B e Rh
O-

Numa transfusão sanguínea há que ter em conta o tipo de sangue que a pessoa vai receber, pois se recebe um com aglutinogénios para os quais produz anticorpos irá aglutina-los, o que pode levar à morte.


 Tabela 1: Sistema ABO

 Leucócitos/Glóbulos brancos

São células especializadas na defesa do organismo: combatem vírus, bactérias e outros agentes invasores que penetrem no nosso corpo. Em condições normais há cerca de 5 a 10 mil leucócitos por milímetro cubico de sangue.
Eles são produzidos na medula óssea, a partir de células estaminais, e são classificados em cinco tipos básicos: neutrófilos, basófilos, monócitos, eosinófilos e linfócitos (figura 4 ).


Figura 4- Leucócitos 

Cada um destes tem uma função específica e um mecanismo diferente de combater um agente patogénico (bactérias, vírus etc)- figura 5

Figura 5- Diferentes tipos de leucócitos 
Os linfócitos B também se podem diferenciar em células de memória cuja função é reconhecer e guardar a informação dos agentes patogénicos que ataquem o corpo. Ficam em inatividade até o antigénio voltar a atacar o corpo. São importantes pois diminuem o tempo de resposta do organismo as infeções provenientes dos antigénios.

Embora todos os leucócitos sejam criados na medula óssea, nem todos amadurecem lá. Os linfócitos T, ao contrário de todos os outros leucócitos, amadurecem no Timo, órgão especializado no seu amadurecimento.




Material:

  • Luvas;
  • Algodão;
  • Álcool;
  • Lancetas;
  • Lâminas;
  • Lamelas.
  • Pipeta de Pasteur;
  • Hematoxilina;
  • Eosina;
  • DPX;
  • Microscópio

Procedimento


Na Observação ao Microscópio foi possivel identificar os diferentes constituintes do sangue, em especial relevância ,no âmbito lecionado, os leucócitos presentes nas amostrar recolhida. Abaixo são apresentadas algumas imagens obtidas a partir das preparações produzidas.

Figura 6 - Resultados (leucócitos)

 A metodologia utilizada permitiu a obtenção de preparações temporárias com qualidade para o fim pedagógico pretendido (visualização dos leucócitos). Sendo possível a identificação dos mesmos que são muito menos frequentes que as hemácias ou as plaquetas  . Verificou-se que em certas preparações o número de leucócitos era mais elevado do que noutras, isto pode ser explicado pelo facto de uma das pessoas que cedeu a amostra de sangue estar doente, o que faz com que os glóbulos brancos do sistema imunitário se encontrassem mais ativos. Relativamente á coloração das preparações foi utilizado o corante hematoxilina (azul) ,de modo a corar as células com ph elevado (células com caracter básico). Por outro lado, a eosina ( corante alaranjado) foi utilizada para colorir os glóbulos brancos com afinidade a ácidos. Contudo, o corante ideal para substituir ambos os utilizados seria o GIEMSA. 

Concluindo, apesar de frequentemente proceder-se à elaboração em sala de aula preparações temporárias de material biológico, pois permitem a observação das células no estado vivo e de fenómenos celulares em tempo real, estas apresentam o inconveniente de degradação do material ao longo do tempo, neste sentido as preparações definitivas oferecem uma elevada durabilidade de material preservado e das diferentes estruturas celulares destacadas com a coloração. A nossa preparação continha uma grande abundancia de glóbulos brancos, o que se traduziu numa grande vantagem na visualização de cada um deles, bem como dos outros diferentes constituintes do sangue, proporcionando-nos uma melhor perceção da matéria lecionada. Todas as estruturas foram identificadas, tendo maior dificuldade em identificar os Basófilos.  Na generalidade todo o grupo concordou que a actividade foi extremamente produtiva pois  conduziu-nos a uma percepção prática da teoria(Sangue e sistema Imunitário) o que revela deter  grande importância, no sentido que no futuro, alguns dos alunos terão contacto diário ,nas suas profissões, com este constituinte do sangue.


Curiosidade...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Os Agentes Mutagénicos na Vida

    Olá a todos! Como sabemos, a nossa sociedade depara-se com vários vicios prejudicias ao nosso organismo e, no entanto, não somos informados de todas as consequências desses vícios. Por isso, foi-nos proposto pela nossa professora de biologia a elaboração de um trabalho que visa a visualização, identificação, e contagem das modificações que eles provocam no nosso organismo, mais propriamente nas nossas células. Este projeto vai ser elaborado ao longo do ano letivo e tem como objetivo, também, entrar num concurso cientifico. Nesta primeira postagem vamos fazer uma pequena introdução ao que falaremos no nosso trabalho, sendo que, as próximas serão feitas ao longo do avanço do mesmo.
     O desenvolvimento e as alterações que ocorrem num organismo são originários da interação do material genético com os fatores ambientais. Quando esse material sofre alterações, estas são designadas por mutações. Em organismos multicelulares, as mutações podem ser consideradas mutações de linhagem germinativa ou mutações somáticas, quando ocorrem durante o processo de duplicação do ADN com vista à divisão celular, quer se trate de mitose ou meiose, afetando, desta forma, os gâmetas ou as células somáticas, respetivamente. Estas mutações podem ser genéticas ou cromossómicas.
    As mutações de linhagem germinativa são aquelas em que, eventualmente, todas as células que descendem desse gâmeta serão portadoras dessa mutação, enquanto as mutações somáticas apenas terão reflexo no conjunto de células descendentes daquele que sofreu a mutação, podendo, por isso, restringir-se só a uma pequena zona do organismo. São estas mutações responsáveis por alguns tipos de cancro. Em alguns casos, as plantas podem transmitir este tipo de mutações aos seus descendentes, de forma assexuada ou sexuada, quando as gemas delas se desenvolvem numa parte que sofreu mutação. Tanto as mutações de linhagem germinativa como as somáticas podem ser de ordem genética ou cromossómica.
    Quando ocorre mutação por substituição, inserção, deleção ou  nonsense de nucleótidos estamos perante mutações génicas e quando há alteração na estrutura ou no número de cromossomas estamos perante mutações cromossómicas. Ocorre substituição, quando um nucleótido de uma cadeia polipeptídica é substituído por outro, podendo resultar na codificação de um aminoácido diferente do que, normalmente, seria codificado. Por outro lado, pode verificar-se uma adição de um ou mais nucleótidos na sequência de DNA, devido à ocorrência de erros durante a fase da replicação ou por uma porção de DNA capaz de se movimentar de uma região para outra no genoma , denominando-se de inserções. Estas, na região codificadora de um gene, podem alterar o corte do mRNA ou causar mudança na leitura de codões, originando assim alterações significativas no produto genético. Por fim pode ocorrer a eliminação/remoção de um ou mais nucleótidos da sequência de DNA, modificando (como nas inserções) a leitura do gene. É importante realçar que uma deleção não é o oposto de uma inserção, as deleções são aleatórias, enquanto as inserções consistem numa sequência inserida em locais que não são completamente aleatórios. Parecida ás mutações por substituição, as nonsense, caraterizam-se por originarem codões de terminação, numa determinada cadeia de nucleótidos, pela substituição de um desses, o que faz com que a proteína se torne mais pequena.

Figura1- Mutações génicas

    Contudo, nem sempre essas mutações demonstram-se ao nível do fenótipo, caraterizando-se por mutações silenciosas. Isto acontece por vários motivos. Um deles é a redundância do código genético, que significa que vários codões codificam o mesmo aminoácido. Desta forma, quando há substituição de nucleótidos num codão, se o codão originado codifica o mesmo aminoácido não há alteração da proteína que seria codificada, pelo que, a mutação não será relevante. As outras duas possibilidades ocorrem quando um aminoácido é substituído mas tem a mesma função do aminoácido original, não alterando a proteína, ou quando o aminoácido substituído inclui-se numa parte da proteína que não é relevante para a sua função.  
    Porém, isto não acontece nas mutações cromossómicas, porque, estas sendo ao nível da estrutura ou no número dos cromossomas, é alterado uma grande parte de genes, logo, não é possível impossibilitar a sua expressão ao nível do fenótipo. 
    Nas mutações cromossómicas estruturais, que ocorrem durante o crossing-over, verifica-se uma alteração ao nível de segmentos/porções de cromossomas, existindo quatro tipos destas mutações: deleção, translocação, duplicação e inversão. A deleção representa a perda de uma porção do material cromossómico, originando falta de genes na extremidade ou no centro dos cromossomas, estas estão associadas a grandes incapacidades ex. (síndrome mio do gato).Na translocação pode haver a transferência de parcial ou total material genético de um cromossoma para outro não homólogo (translocação simples), ou troca de segmentos entre dois cromossomas não homólogos (translocação recíproca). Quando ocorre a adição de um segmento cromossómico resultante do cromossoma homólogo, estamos perante a duplicação, pois desta forma surge um conjunto de genes em duplicado. Estas alterações cromossómicas são muito importantes sob o ponto de vista da evolução, porque fornecem informação genética complementar, potencialmente capaz de assumir novas funções.
Figura 2- Mutações cromossómicas estruturais

Aquando da alteração do número de cromossomas característico de uma espécie (euploide- cariótipo com o número normal de cromossomas), numa célula, estamos perante mutações cromossómicas numéricas. Estas podem ser poliploidias e aneuploidias e ocorrem durante   a anafase I e anafase II da meiose. Nas poliploidias, durante a meiose, multiplicam-se o conjunto de todos os cromossomas, resultante, geralmente, de uma falha na separação dos cromossomas, podendo, em caso mais raros, ser originárias da união de mais do que dois gâmetas. Estas mutações originam células triploides (3n), tetraploide (4n), e assim por diante., e não ocorrem nos humanos e na maioria dos mamíferos, mas sim em plantas, por exemplo.Enquanto nas aneuploidias os erros na separação dos cromossomas apenas envolvem um determinado par de homólogos (autossómicos ou heterossómicos), dando origem em trissomias, monossomias, e ,mais raramente, polissomias e nulissomias. Nas trissomias, existe mais que dois cromossomas para o mesmo par, caso sejam mais que três dá-se o nome de polissomia. Pelo contrário, quando há falta de um dos cromossomas de um par estamos perante uma monossomia. Em outros casos, ainda, há a ausência total dos cromossomas de um certo par (nulissomia) .

Figura 3- Mutações cromossomicas numéricas  (trissomia 21)

As mutações, em geral, levam ao mau funcionamento das células e, consequentemente, do organismo devido á deformação que provocam nas proteínas, originando doenças. Porém, nem todas as mutações provocam anomalias, mas sim efeitos positivos, denominando-se, assim, de mutações benéficas. Estas levam a novas versões de proteínas que ajudam o organismo e futuras gerações a adaptar-se melhor a mudanças no seu ambiente. De entre vários exemplos vamos destacar as bactérias que comem nylon. Este caso trata-se da capacidade que algumas bactérias têm de comer oligóceros de nylon através da sua metabolização por ação de um par enzimas, que terão surgido por mutação de outro gene que codificava uma enzima funcionalmente independente. Estudos que se vieram a realizar, concluíram que, bactérias sem esta capacidade cultivadas em meios com oligóceros de nylon disponíveis, após algumas gerações acabavam por desenvolvê-la.

Vídeo 1- Este vídeo explica-nos como as mutações afetam as nossas células e o seu comportamento, bem como agentes que provocam estas mutações (agentes mutagénicos) como o tabaco e a radiação. É-nos também explicada a diferença entre mutações nas células somáticas e as mutações nas células germinativas, em que no primeiro caso apenas o indivíduo que tem a mutação é afetado e no segundo a mutação é transmitida aos seus descendentes, podendo, em certos casos, se alastrar a população inteira. Se a mutação melhorar algum aspeto do indivíduo, este vai, por seleção natural, ter mais hipóteses de sobreviver e procriar do que os restantes indivíduos, favorecendo assim a restante população e por consequência a espécie inteira. No vídeo também é explicada a forma como algumas mutações (substituição, deleção e inserção) ocorrem no DNA.


    Há mutações que não chegam a ser mutações permanentes, uma vez que há mecanismos de reparação de ADN que são capazes de corrigir a maior parte delas e elas podem ocorrer espontaneamente ou então serem introduzidas por agente mutagénicos. Um agente mutagénico é todo o agente físico, químico e biológico que em exposição à célula origina mutações. Os agentes físicos são capazes de destruir as ligações químicas entre os nucleóticos, essas mutuações são raras visto que a destruição da cadeia de DNA provoca a morte celular. Há ainda os agentes químicos que são as inúmeras substâncias cancerígenas que atuam danificando as ligações químicas (tais como os agente físicos), mas para além disso pode substituir nucleótidos normais por moléculas análogas. Por último os agentes biológicos resumem-se na ação de vírus e bactérias em parte do DNA da desta(e) é integrado ,ocasionalmente, à cadeia de DNA do hospedeiro, pode ainda ocorrer mutações por falhas de ordem genética. Apesar do efeito prejudicial dos agentes mutagénicos nas células humanas, vários deles são aproveitados pela ciência, como por exemplo são utilizados na quimioterapia, em quantidades mínimas, e em determinados tumores. Há vários agentes que influenciam a forma genotóxica as células, como por exemplo o tabaco e o álcool. Indivíduos que fumam e consumam álcool  estão mais sujeitos ao efeito destes agentes genotóxicos e as células poderão manisfestar diversas anomalias como por exemplo  a picnose, cariorréxis, cariólise e micronúcleos.


Anomalias nucleares
Mutações
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Micronúcleo
O micronúcleo é formado durante a metáfase / anáfase da divisão mitótica, onde parte do material genético não se consegue integrar no núcleo, surgindo porções de material genético num núcleo "secundário".

Figura 4 - Formação de um micronúcleo

Picnose
Resume-se à alteração degenerativa do núcleo da célula que apresenta um volume reduzido (diminui até menos de 6 micras de diâmetro) e apresenta um excesso de cor acentuado (hipercorada), apresentando a cromatina condensada. Eventualmente pode ocorrer a fragmentação do núcleo picnótico (núcleo celular cuja cromatina está condensada devido a um processo patológico).
Cariorréxis
 Traduz-se na fragmentação do núcleo picnótico. A cromatina adquire uma distribuição irregular, podendo se acumular em grânulos na membrana nuclear, originando a perda dos limites nucleares
Cariólise ou Cromatólise
  Destruição, por dissolução, do núcleo da célula. Ocorre a dissolução da cromatina e a perda da coloração do núcleo, o qual desaparece completamente.



A formação de micronúcleos nas células, como explicado no artigo (1), acontece durante a anáfase/metáfase na divisão mitótica das células. A observação de micronúcleos pode ser feita em diferentes tipos de células, sendo todas importantes na biomonitorização do ser humano: linfócitos, fibroblastos e células epiteliais exfoliadas. Neste artigo também são mencionados alguns critérios para a validação dos micronúcleos observados, tais como:
·        O diâmetro do micronúcleo deverá ter menos de um terço do tamanho do núcleo principal;
·        O micronúcleo deverá estar separado ou ligeiramente sobreposto ao núcleo principal, desde que se consiga identificar claramente as membranas nucleares;
·        O micronúcleo deverá ter a mesma coloração que o núcleo principal.
A presença de micronúcleos nas células também é utilizada como uma forma de detectar agentes mutagénicos que possam estar presentes em produtos lançados para o mercado, como referido no artigo (2). Nestes testes, depois de ser aplicada a substância a testar, é avaliada a quantidade de micronúcleos existentes na amostra de células. Se a substância a testar produzir uma elevada concentração de micronúcleos, é considerada como uma substância capaz de induzir danos nos cromossomas ou no processo de divisão celular. Os resultados claros não necessitam de verificações, no entanto, caso não sejam claros, é necessário aplicar mais testes utilizando diferentes condições experimentais. Todos os resultados negativos têm de ser confirmados.
Concluindo, as mutações ocorrem em todos os seres vivos de forma espontânea ou induzida e podem ser mais relevantes nuns dos que noutros. Nos seres eucariontes, as mutações podem ocorrer no ADN nuclear ou no ADN mitocondrial e/ou dos cloroplastos (estes, apenas estão presentes nas plantas), sendo que estes são mais vulneráveis a mutações, porque não possuem mecanismos de reparação do ADN como o nuclear. Mutações no ADN mitocondrial podem levar á morte da célula, pois as mitocôndrias são responsáveis pela respiração celular e se as enzimas responsáveis por esse processo (presentes no ADN mitocondrial) forem alteradas podem compromete-lo. Em oposto aos seres eucariontes, nos procariontes, como as bactérias e vírus, as mutações ocorrem mais frequentemente, porque estes multiplicam-se rapidamente, logo, fazem muitas copias de ADN, pelo que podem ocorrer mais mutações e porque, estes seres, têm menos mecanismos de reparação de ADN.




Bibliografia:
  • http://www.talkorigins.org/faqs/mutations.html
  • http://pt.wikipedia.org/wiki/Muta%C3%A7%C3%A3o
  • http://www.talkorigins.org/faqs/mutations.html
  • http://www.mundovestibular.com.br/articles/455/1/MUTACOES-GENETICAS/Paacutegina1.html

  •  http://www.mundovestibular.com.br/articles/455/1/MUTACOES-GENETICAS/Paacutegina1.html

  • http://patomaniacosfls.blogspot.com/2010/03/picnose-cariorex-e-cariolise.html

  • http://www.openthesis.org/documents/e-outras-anomalias-nucleares-um-332415.html

  • http://www.crios.be/genotoxicitytests/micronucleus_test.htm